ANDREAS-FRIEDRICH, Ruth. Diário de Berlim Ocupada (1945-1948). (Ed. Globo) |
"De
repente, a paz. É assim que começa o Diário de Berlim Ocupada -
1945-1948, diário real da alemã Ruth Andreas-Friedrich sobre os
primeiros anos do pós-guerra na capital alemã.
Ruth, que pertenceu a um grupo de resistência antinazista durante a guerra, emerge numa Berlim devastada, desnorteada e faminta. A euforia do fim do conflito e da derrocada do nazismo vai dando lugar gradualmente a uma ausência de futuro e ao desprezo que os vencedores reservaram ao povo alemão.
Escrito de forma coloquial, o cotidiano retratado por Ruth vai desenhando um quadro maior em que o resultado inevitável de uma incompatibilidade ideológica vai forjando duas identidades distintas na mesma cidade. E enquanto Berlim se torna um dos principais palcos da guerra fria, seus cidadãos continuam sendo mero espectadores da peça. O muro só será construído em 1961, mas a autora o antevê com uma clareza assustadora.
Mais do que isso, suas memórias vão revelando o pensamento alemão num dos piores momentos da história do país.
Além de um texto direto e sincero, talvez o maior mérito do livro seja sua temporalidade. Se fosse escrito dez anos depois, num mundo já mergulhado na Guerra Fria; ou cinquenta anos depois, num mundo iludido com o "fim da história"; talvez ele não fosse tão objetivo."
Ruth, que pertenceu a um grupo de resistência antinazista durante a guerra, emerge numa Berlim devastada, desnorteada e faminta. A euforia do fim do conflito e da derrocada do nazismo vai dando lugar gradualmente a uma ausência de futuro e ao desprezo que os vencedores reservaram ao povo alemão.
Escrito de forma coloquial, o cotidiano retratado por Ruth vai desenhando um quadro maior em que o resultado inevitável de uma incompatibilidade ideológica vai forjando duas identidades distintas na mesma cidade. E enquanto Berlim se torna um dos principais palcos da guerra fria, seus cidadãos continuam sendo mero espectadores da peça. O muro só será construído em 1961, mas a autora o antevê com uma clareza assustadora.
Mais do que isso, suas memórias vão revelando o pensamento alemão num dos piores momentos da história do país.
Além de um texto direto e sincero, talvez o maior mérito do livro seja sua temporalidade. Se fosse escrito dez anos depois, num mundo já mergulhado na Guerra Fria; ou cinquenta anos depois, num mundo iludido com o "fim da história"; talvez ele não fosse tão objetivo."
- Eduardo Farias é jornalista com Mestrado em Comunicação pela UFPE, explorador incansável de sebos e afins e um leitor voraz.
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