por Nurit Gil
Sou
uma entusiasta do capitalismo, entendam bem. Mas realmente a
extravagância saiu do controle, em minha não tão humilde opinião.
O mercado de clichês - ops, de casamentos - por exemplo:
- Ana, quer casar comigo?
(Ajoelha-se, abrindo um anel de muitos quilates parcelado em 85 anos)
- Sim, Adalberto, sim, mil vezes sim!
(Choro)
Pronto. Tudo acontecido conforme o protocolo por ambos no pré-enlace, prosseguem com o planejamento.
- Tulipas brancas.
- Em todas as mesas?
- Sim, e no palco.
- Mas e o orçamento?
- Adalberto, sonho com este dia desde a minha primeira infância
- Até com as tulipas?
- Brancas.
Nada
que não se possa parcelar em mais alguns anos. Juntamente à banda de
vinte integrantes, show de escola de samba, vestido da noiva, cortejo e
daminhas, comida para quinhentos convidados, móveis de design, pufs
descontraídos, brigadeiros gourmet, picolé da moda, havaianas (as
legítimas) e bar de caipirinha.
- O que? Você quer que tenha um massagista no banheiro?
- No casamento da Júlia teve.
- Pirou?
- Lembra? Meu sonho...
As
feiras de casamento estão aí para mostrar que isso é um pacote
extravagante de tem-que-ter - delírios included - sem o qual, desculpe,
você não será feliz para sempre. Então bora hipotecar os primeiros vinte
anos da vida a dois.
Repito
quantas vezes forem necessárias: faço parte do fã clube do capitalismo.
Mas ando incomodada com esta felicidade meio pasteurizada. Ser feliz
para sempre tem a ver com mãos dadas, olhar nos olhos e rir da piada do
outro, mesmo que menos por graça e mais por amor. O pacote pelo qual
pode-se pagar, sinto muito, é delírio sem garantia de nada...
- Estava lindo o casamento, né?
- Sei lá, achei meio estranho o gosto do bem-casado trufado
.... Nem do dinheiro de volta.

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