sexta-feira, 3 de maio de 2013

A Novela Literária


A novela literária é um recorte da vida do protagonista


A novela literária é um gênero literário quase invisível para o público em geral. No entanto, estamos em um momento no qual se produz cada vez mais novelas literárias - o paradoxo é fácil de ser explicado: por uma questão de mercado, muitas novelas literárias - que os anglófonos chamam de novellas - são classificadas como romances, quer seja por certa nobreza que tal nome traz à obra, quer seja pela natural confusão que a denominação novela causa, no Brasil, com as populares telenovelas.

Em termos estruturais, a novela literária é uma forma narrativa intermediária, se levarmos em conta sua extensão, entre o conto e o romance. Apresenta todos os elementos estruturais desse último, mas de maneira reduzida, em geral na composição de uma trama unilinear, ou seja, que segue o destino de um único personagem. Por seu caráter econômico em relação ao romance, na novela literária são enfatizadas as ações mais que as descrições ou análises, o que lhe dá um caráter mais próximo do drama; ainda por conta disso, a novela gira em torno dos momentos de crise que levam à solução rápida dos conflitos no final da obra. É comum, assim, que o clímax e o desfecho sejam coincidentes em uma novela bem estruturada[1].


Em relação aos personagens, a novela literária não é mais um flagrante – como no conto –, mas um recorte de suas vidas explorado com intensidade pelo autor. Nesse sentido, a novela literária é mais resumida que o romance, já que este pode retratar longos períodos ou mesmo a vida inteira de seus personagens.

Algumas novelas literárias estão entre os maiores clássicos da literatura

A seguir, trazemos uma breve lista de obras que podem ser classificadas como novelas literárias. Algumas delas estão entre as obras-primas da literatura universal - e permitem um mergulho profundo na alma humana, mesmo com sua extensão curta em relação aos romances. É uma boa lista de sugestões de leituras para seus próximos meses - e para todos os gostos:

Bartleby, o Escriturário, de Herman Melville
Noites Brancas, de Fiódor Dostoiévski
Manhã Transfigurada, de Luiz Antonio de Assis Brasil 
A Festa no Castelo, de Moacyr Scliar 
A Hora da Estrela, de Clarice Lispector 
Aura, de Carlos Fuentes 
O Alienista, de Machado de Assis 
O Amante, de Marguerite Duras 
Terra e Cinzas, de Atiq Rahimi 
O Perdido, de Hans Ulrich Treichel 
Seda, de Alessandro Baricco 
Autobiografia de um Ex-Negro, de James Weldon Johnson 
Este é o Meu Corpo, de Filipa Melo 
Crônica de uma morte anunciada, de Gabriel Garcia Marquez 
O Náufrago, de Thomas Bernhard 
Longe da Água, de Michel Laub 
O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago 
A Morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói 
A Morte em Veneza, de Thomas Mann 
A Dócil, de Fiódor Dostoiévski 
A Fera na Selva, de Henry James 
Breve Romance de Sonho, de Arthur Schnitzler 
O Visconde Partido ao Meio, de Italo Calvino 
Noturno Indiano, de Antonio Tabucchi 
Bom-crioulo, de Adolfo Caminha 
Noite, de Erico Verissimo 
A Lentidão, de Milan Kundera 
Seymour, uma Apresentação, de J. D. Salinger 
Notas do Subterrâneo, de Fiódor Dostoiévski 
O Jardim de Cimento, de Ian McEwan 
Estive em Lisboa e Lembrei de Você, de Luiz Ruffato 
A Queda, de Albert Camus 
Um Copo de Cólera, de Raduan Nassar 
A Sombra de Innsmouth, de H. P. Lovecraft 
Carmilla, A Vampira de Karnstein, de Sheridan Le Fanu 
Os Mortos, de James Joyce 
Bola de Sebo, de Guy de Maupassant 
Um Grito de Amor do Centro do Mundo, de Hyoichi Katayama
A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa 


*Texto de Robertson Frizero - escritor, professor de Criação Literária e Mestre em Letras pela PUCRS.





[1] SOARES, Angélica. GÊNEROS LITERÁRIOS. São Paulo: Ática, 1993.

2 comentários: