Emília |
Do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, veio a mim Emília, a ilustríssima Marquesa de Rabicó, boneca feita de pano, esperteza e audácia. Emília era danada e não dava tempo para a minha timidez se manifestar; me soprava um tal de pirilimpimpim e me lançava em mil aventuras Reino do Faz de Conta afora.
Maria |
Das profundezas da obra de Lygia Bojunga me apareceu Maria, a menina pequena, solitária e silenciosa que sentia uma dor maior que ela e com seu jeitinho me mostrou passo a passo como é que a gente se equilibra na Corda Bamba da vida em busca de si mesma.
Catherine Earnshaw |
De O Morro dos Ventos Uivantes me surgiu Catarina Earnshaw (ou Linton ou Heathcliff), a heroína selvagem e apaixonada de Emily Brönte. Cathy se precipitou em meio a minha narrativa e foi logo tratando de desconstruir o meu imaginário de princesa Disney, construindo no lugar uma mocinha até um tanto louca, porém nunca conformada.
Com mulheres tão fortes e singulares embasando a tríade da minha formação cultural, acabei me voltando para a literatura e para o feminismo, unindo os dois na busca por uma representação mais justa da mulher tanto na vida quanto na ficção — e em ambas, como protagonista ou criadora.
- Camila Doval é Mestra em Escrita Criativa e doutoranda em Teoria da Literatura pela PUCRS, é autora de Mãos de Amanda, da editora Habilis, publicou contos na coletânea 40: contos de oficina, da editora Libretos, e no livro Escrita Criativa: pensar e escrever literatura, da Edipucrs, e tem essa coisa de querer ser escritora desde que aprendeu a escrever.
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