"O português é uma língua viva, não porque ela seja especialmente diferente. Mas ela viveu essa coisa que se chama Brasil. Vive a África que está se apropriando dela com cinco países africanos que o fazem de modo diverso. É evidente que é preciso um cuidado para que a língua continue com uma identidade e um fundamento. As diferenças do português em vários países não são sentidas como um problema. Salvo alguns intelectuais conservadores do Brasil e de Portugal, que têm um certo gosto de se apropriar da pureza da língua. De resto, existe nos países lusófonos até um gosto de visitar essas diferenças. O que está acontecendo de forma inelutável é que a variante brasileira será dominante. O português do Brasil vai dominar."
- Mia Couto é um dos mais prestigiados escritores lusófonos da atualidade. Moçambicano, biólogo de formação, lançou seu primeiro livro em 1983. Seu romance de estreia, Terra Sonâmbula, foi apontado como um dos vinte melhores romances africanos do século XX. Em 2014, ganhou o prestigiado Prêmio Neustadt de Literatura, da Universidade de Oklahoma, considerado o "Nobel Americano de Literatura". Seu romance O Último Voo do Flamingo será a obra estudada pelo Clube de Leitores da Sapere Aude! Livros no mês de outubro.
O texto foi extraído da entrevista concedida a Luiz Antonio Giron, para a Revista Época (2014).
Nenhum comentário:
Postar um comentário