quinta-feira, 11 de setembro de 2014

PRATA DA CASA: Espectros




Noivo e Noiva... Tumulto, um alarido! Ou Não?
                        Ouço os ínfimos rumores no capim cheio de vozes. Outras vozes de fantasmas desnudos, tais quais a mim: vagabundos, perdidos do Céu, fincados no Mundo.                   
                        Penso... Estando o maruim na poça, vislumbrando a hemorragia da manhã, ou em tardes e açucares em tuas glândulas fósseis à fala, doce, saudosa miragem, se azul disseres, estarei atento e te ouvirei e te ouvirão nas profundezas de nossa imensa solidão
                        Lembrarei, eu, poeta, peregrino, da contração dos ventres, do turbilhão dos lençóis em seus ombros e seios.
                        Inveja dos amantes de todo o sempre, nós, nus e trêmulos, coxas quentes e nádegas enfiadas uma na outra, qual esculturas, pernas erguidas e dobradas, por um Rodin a serem esboçadas, mesmo que sob formas acanhadas, seremos eternamente.
E... Ai! Os gemidos...
                        Os gemidos que serão e foram ouvidos, na noite escura dos tempos idos, vindos e vindouros farão pensar a todos:
                        - Não serão eles dos espectros?
                        A gargalhar, sós, exultantes e invisíveis então diremos:
                        - É a ventania! Tão só a ventania.


Silvia C.S. Preissler


Na seção PRATA DA CASA, publicaremos semanalmente textos escritos pelos alunos das diversas oficinas literárias ministradas na Sapere Aude! Livros. O texto de hoje é de Silvia C. S. Preissler, aluna das oficinas de Poesia do professor Diego Petrarca. Quer conhecer mais sobre nossas oficinas literárias? Acesse: http://oficinasliterarias.wordpress.com

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